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Negativas da Caixa marcam rodada de negociação com representantes dos empregados

A Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) e representantes da direção da empresa se reuniram na quarta-feira (15), em Brasília, para nova rodada de negociações da mesa permanente. O encontro foi marcado por seguidas negativas da Caixa às reivindicações dos trabalhadores. A pauta apresentada pelas representações dos empregados contemplou a busca pelo fim da reestruturação e o desmonte da empresa, a defesa dos direitos dos empregados e a defesa do Saúde Caixa para todos.

 

Antes de iniciar os debates, a Comissão Executiva entregou à empresa uma revista do 35º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Concef), contendo as resoluções aprovadas por delegados de todo o país. A representação dos trabalhadores adiantou também protesto contra o fato de a Caixa ter apresentado aos Superintendentes, no dia 2 de dezembro, em Brasília, o modelo de reestruturação na rede, sem prévia discussão na mesa de negociações permanentes, atitude em flagrante desacordo com a cláusula 48 do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).

 

Reestruturação

 

A CEE/Caixa cobrou respeito à carreira dos trabalhadores e o fim das incertezas provocadas pelo anúncio aos Superintendentes, especialmente entre os empregados que exercem funções, algumas ameaçadas, inclusive, de extinção, caso das Gerente GOV/Social e de Tesoureiro.

 

Para a Comissão, a processo verticalizado está vinculado também à segmentação que cria unidades para atendimento de perfis exclusivos e aprofunda a perda de mercado pela Caixa. “Isso é sabotagem à empresa. É preciso preservar a capacidade de atuação da Caixa e essa segmentação é uma forma indireta de reduzir a rede atendimento”, salientou Dionísio Reis, coordenador da CEE/Caixa.

 

Os representantes da Caixa negaram que há definições quanto a esses assuntos e que as mudanças buscarão adequar a estrutura ao novo modelo de banco proposto pela direção, a partir de estudos que estão sendo feitos por um grupo de trabalho com a participação da rede. A empresa disse que suspendeu nomeações para funções já em preparação para reestruturação e confirmou as bases do modelo ao responder que, nas cidades em que há apenas uma agência, mantido o formato de “agência universal”.

 

Em flagrante contradição, a Caixa nega mudanças drásticas, mas fala de um “estudo” para verificar se há “sombreamento” nas funções e promover uma revisão de atribuições.

 

Para a CEE, não se trata de estudo, mas de uma restruturação que causa pânico entre os empregados e ameaça o banco público. “Não temos dúvida de que a estrutura de empresa pública com capacidade de atuação competitiva no mercado está sendo minada e isso faz parte do desmonte que temos denunciado. A Caixa a serviços do desenvolvimento econômico e social do país está sendo desfigurada e nós empregados temos a obrigação de levar essa informação à sociedade, antes que seja tarde”, pontuou Antônio Abdan, representante da Fetec-CN na CEE/Caixa.

 

A Caixa disse que não há um nome para o GT. E nem sua composição é claramente definida. Mas informou que o prazo para definição do modelo é de três meses.

 

Defesa dos empregados

 

Em defesa dos direitos dos empregados, a CEE/Caixa cobrou o fim das carreiras por minuto, caracterizadas como “uberização” do trabalho de caixa, tesoureiros e avaliadores de penhor.  Em relação aos tesoureiros, questionou qual o futuro da função, uma vez que está sendo ameaçada de extinção e não deve ser sucedida pela de GO.

 

A Caixa confirma que a política é de precarizar o trabalho, quando diz que não há a perspectiva de retorno da nomeação efetiva para as funções de caixa e de tesoureiro. Quanto aos tesoureiros, diz que aguarda o novo modelo de rede para buscar mais definições. Mas o problema é que o novo modelo prevê a extinção da função de tesoureiro.

 

A CEE/Caixa cobrou provimento ordinário das funções de caixa, tesoureiro e avaliador. E reivindicou também a valorização dos empregados que realizam o atendimento social, com manutenção da função de gerente e criação da função de assistente ou auxiliar voltado ao atendimento GOV/Social. A Caixa respondeu que analisará o assunto dentro do novo modelo.

 

GDP no PSI – A representação dos empregados manifestou discordância em relação ao modelo de PSI que prevê o uso da GDP como parâmetro e resulta na exclusão de empregados que retornam de licença médica e maternidade. A Caixa respondeu que, no caso de empregadas em licença maternidade, está sendo facultada a utilização da nota do ciclo anterior. E que os retornos de licença médica serão analisados caso a caso.

A CEE cobrou o fim da GDP. A empresa disse que se trata procedimento estratégico, que será mantido.

Fim do Revalida – A CEE/Caixa denunciou a aplicação da Revalida e a representação da empresa assumiu que o mesmo nunca deixou de ser utilizado e continuará em vigor, como instrumento de gestão. A Comissão dos empregados manifestou o entendimento de que o Revalida não é ferramenta de gestão na forma como é aplicado, e sim ingerência política.

 

PSI por Score – A Comissão dos Empregados considera que o modelo traz mais subjetividade ao processo, aumentando a discricionariedade, reduzindo a transparência, abrindo mais espaço para injustiças e, mais uma vez, para ingerências. A Caixa disse que o processo está sendo construído e que o mesmo traz mais celeridade.

 

Bônus Caixa – A CEE defendeu o fim do Bônus Caixa e maior reconhecimento dos empregados. O entendimento é o bônus reduz a PLR, que é paga a todos os trabalhadores, em benefício de um segmento. A Caixa diz que o bônus é aplicado de acordo com a estratégia da empresa, direcionado a determinadas funções, especialmente para aquelas responsáveis por “mobilizarem” (ou cobrarem) os resultados das equipes.

 

Jornada de trabalho – A Caixa respondeu à cobrança de pagamento de horas extras para gerentes gerais e de fim de jornadas que extrapolem 44 horas semanais dizendo que não fará o controle da jornada dos gestores sob nenhuma hipótese. A CEE/Caixa externou preocupação com a saúde dos trabalhadores e propôs dar sequência à discussão em busca de parâmetros que garantam condições de trabalho adequadas aos gerentes gerais.

 

PCD’s – Questionada pela representação dos empregados, a Caixa disse que “corre atrás” das condições de trabalho adequadas aos PCD’s e que resolveu todos os casos. A empresa nega também a ocorrência de demissões por falta de adaptação. No entanto, admite que ocorreram 32 desligamentos de PCDs ainda em estágio probatório, entre 1867 recém-convocado.

 

Mais contratações – A Caixa afirmou que, após a contratação dos PCD’s, deu início à contratação de cerca de 800 empregados da ampla concorrência. A CEE cobra ampliação das contratações para fazer frente aos desligamentos feitos ao longo do ano, inclusive através de incentivos promovidos pela empresa.

 

Convênio Caixa/FUNCEF/INSS – A CEE/Caixa cobrou da empresa empenho no restabelecimento do convênio e alertou para o prejuízo à própria empresa, do ponto de vista comercial. A Caixa disse que está buscando alternativa e informou que conseguiu prorrogar o convênio até fevereiro para marcação de perícias de empregados afastados.

 

Saúde Caixa para todos – A garantia do Saúde Caixa para todos foi defendida com ênfase pela representação dos empregados, que fez também a cobrança de revisão dos atuais manuais normativos do plano e transparência na prestação de informações do plano, reiterando a necessidade do desdobramento dos números referentes às despesas assistenciais por perfil de usuário e do balancete mensal do plano de 2014 em diante. A Caixa respondeu que os dados do Saúde Caixa alimentarão um banco de informações, que será apresentado em breve ao Conselho de usuários e ao GT Saúde.  Para Fabiana Uehara, que representa a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) na mesa de negociação, as discussões dessa quarta-feira revelaram enorme distância entre as demandas dos empregados e as posições da empresa. “Temos um acúmulo de problemas que só se agravam. Os empregados enfrentam um ambiente de incertezas, de deterioração das condições de trabalho e de saúde. Estão adoecendo e o sentimento é de perda constante de direitos. Nosso desafio é enorme e precisamos de muito mais mobilização para mudar a postura da Caixa na mesa de negociação”, enfatizou.

 

 

Contraf/CUT

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