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Consciência Negra: casos emblemáticos de racismo provam importância da luta por igualdade e equidade

Em 2021 o racismo resolveu responder na prática o motivo pelo qual o país “comemora” o Dia da Consciência negra. Nesse mês de novembro, o Brasil tomou conhecimento de mais um caso em que as atitudes daqueles que deveriam proteger foram tomadas baseadas no tom de pele da vítima, ação que marca mais uma vez o mês que deveria ser de reflexão e luta.

 

 

No dia 05 de novembro, dois policiais militares de Itabira, cidade localizada no interior de Minas Gerais, abordaram uma mulher com um bebê no colo e uma criança de aproximadamente seis anos com extrema violência. A mulher, pobre e preta, foi derrubada e imobilizada com o joelho de um dos PMs no pescoço, tudo isso enquanto segurava o filho nos braços. Nem mesmo a criança foi poupada da abordagem abusiva, truculenta e desnecessária, já que a mulher não oferecia nenhum risco aos policiais.

 

 

Algumas entidades divulgaram notas de repúdio, mas a Polícia Militar de Minas Gerais justifica o ato ao informar que prendeu um casal por porte ilegal de arma de fogo e justificar que a queda da mulher e da criança foi “controlada”, mas a violência à mulher e criança é visível e injustificada.

 

 

Não é de hoje que vítimas de excessos são colocadas como suspeitos. Em 2020 um preto foi assassinado por motivo fútil e depois transformado em culpado pela mídia. Na noite do dia 19 de novembro de 2020, João Alberto Silveira de Freitas foi covardemente assassinado em uma unidade do supermercado Carrefour, em Porto Alegre. Beto, como era conhecido, foi levado ao estacionamento por um segurança e um policial militar temporário após discutir com uma funcionária, onde foi filmado sendo espancado até a morte.

 

O vídeo mostra Beto sendo derrubado, imobilizado com o joelho em seu pescoço e apanhando. Os assassinos foram presos em flagrante por homicídio qualificado, quando há a intenção de matar. O Carrefour, aquele mesmo supermercado onde um cão foi assassinado, que cobriu o corpo de um prestador de serviços que morreu de causas naturais para não fechar uma loja, que demitiu uma funcionária preta após denunciar racismo de uma superior, afirmou que rompeu contrato com a empresa responsável pela segurança.

 

E se formos mais longe, tem mais. Em 2009, Januário Alves de Santana foi acusado de roubo em uma loja do Carrefour, em Osasco, apenas porque estava dentro de seu próprio carro, uma EcoSport. Santana foi espancado por 20 minutos com murros, chutes e coronhadas enquanto era questionado sobre sua presença dentro do veículo.

 

O assassinato de Beto e a violência contra Januário e a mulher de Itabira não são coincidência, o Atlas da Violência 2021 aponta que há forte concentração dos índices de violência letal contra a população preta, que tem 2,6 mais chances de ser assassinada no Brasil do que a população que não é preta. O estudo é produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e mostra que jovens negros são as principais vítimas de homicídios e que essa taxa tem apresentado crescimento acentuado nos últimos anos.

 

Em 2019, 77% das vítimas de homicídios eram negras (pretos e pardos), uma taxa de 29,2 para cada 100 mil habitantes. Entre os não negros (brancos, amarelos e indígenas), essa taxa ficou em 11,2 para cada 100 mil habitantes, ou seja, quase três vezes menor que os assassinatos contra negros.

 

 

Ações antirracistas – É sabido que há muito a ser combatido para que os pretos e pretas do Brasil conquistem a merecida equidade, mas pequenas ações antirracistas ajudam a construir uma sociedade melhor.

 

Neste mês de novembro, o Procon de São Paulo criou um canal para receber denúncias de casos de racismo em estabelecimentos comerciais, que podem desembolsar até R$10 milhões em multas caso o racismos seja comprovado.

 

Racismo é um crime previsto em lei, que pode ser aplicada caso a ofensa seja direcionada a um indivíduo ou grupo, por exemplo, impedir um grupo de jovens negros de acessar uma loja. Esse é um crime inafiançável e imprescritível.

 

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