Bancários se mobilizam em defesa dos bancos públicos
Por orientação do Comando Nacional dos Bancários, sindicatos da categoria em todo o país realizarão manifestações em defesa dos bancos públicos. O Dia Nacional em Defesa dos Bancos Públicos será um protesto contra ameaças proferidas por representantes das direções dos bancos e membros de governos, que têm a intenção de fragilizar as empresas e vender seus ativos.
“Ao contrário do que tentam fazer com que a sociedade acredite, os bancos públicos não são um peso para o governo. São lucrativos e extremamente importantes para a sociedade. Não apenas a população mais pobre, que necessita das políticas sociais do governo, mas a agricultura, as pequenas e médias empresas, que dependem do fomento para o desenvolvimento, são prejudicadas com a política de fragilização dos bancos públicos”, explicou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que também é coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.
Para Juvandia, toda a sociedade será prejudicada se esta política continuar. Programas governamentais importantes, como o ‘Bolsa Família’, o ‘Minha Casa, Minha Vida’, o Fies, o ProUni, a concessão de crédito para a agricultura, correm o risco de deixar de existir.
“No governo Temer, o Tesouro Nacional deixou de fazer aportes financeiros para a Caixa e exigiu que o BNDES antecipasse o pagamento de dívidas que seriam pagas em 60 anos. Agora, querem transferir para instituições privadas os recursos do FGTS e do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), a gestão de fundos de investimentos, as carteiras de seguros e de cartões de crédito e as loterias. Isso enfraquece os bancos públicos e desmonta sua capacidade de executar políticas públicas importantes, como o financiamento da casa própria. São áreas estratégicas que possibilitam que os bancos públicos cumpram verdadeiramente seu papel social”, completou a presidenta da Contraf-CUT.
Os bancos públicos são os responsáveis pelo atendimento na maior parcela de municípios no país, sobretudo aqueles comumente considerados menos rentáveis. Têm forte presença nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, mais carentes em termos de atendimento bancário. Na região Norte, 63,3% do total de agências são de bancos públicos e na Região Nordeste, 59,3%.
Por isso, para o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa Econômica Federal (CEE/Caixa), Dionísio Reis, não tem nenhum sentido fragilizar os bancos públicos e privatizá-los. “Estão reduzindo o quadro de pessoal, fechando agências, cortando recursos dos bancos públicos para que a população acredite que não tem sentido mantê-los. Querem criar a impressão de que eles prestam serviços de má qualidade e não têm nenhuma serventia para a sociedade e, por isso, devem ser privatizados. Ao contrário disso os bancos públicos são os mais eficientes em financiar o desenvolvimento do país e prestar diversos serviços que os bancos privados não prestam. Os bancos públicos estão em locais que os privados não estão, alcançam pessoas e desenvolvem a economia de uma forma que os bancos privados não desenvolvem”, disse.
“Não tem sentido reduzir os bancos públicos porque os privados não querem e não vão ocupar esse espaço. Vão deixar a sociedade órfã do financiamento da economia”, concluiu Dionísio.
A Caixa Econômica Federal, que possuía as melhores taxas de juros e chegou a ser responsável por mais de 70% dos financiamentos habitacionais no país, hoje não concede crédito tão facilmente devido à falta de aportes do Tesouro e desde 2015, cortou 12.791 postos de trabalho, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.
Situação semelhante vive o Banco do Brasil, que detêm aproximadamente 70% da carteira de crédito agrícola no país, mas teve 777 agências bancárias fechadas de 2015 a 2017.
Tanto as agências da Caixa, quanto as do Banco do Brasil que são fechadas eram localizadas, normalmente, em bairros periféricos ou em pequenas cidades, onde havia apenas uma única agência bancária. Para contar com serviços bancários as pessoas precisam se deslocar por grandes distâncias.
“O banco corre o risco de perder seu papel social e se tornar mais um banco, como qualquer outra instituição financeira privada. O papel dos bancos é contribuir com o desenvolvimento social e econômico do país, garantir o acesso ao crédito e permitir o pagamento e recebimento, além de manter os recursos em segurança. Seguindo neste ritmo o banco não vai conceder crédito e tampouco contribuir com o desenvolvimento do país, ou garantir o acesso aos serviços bancários. É isso o que o atual e o próximo governo querem. Tornar os bancos públicos obsoletos, para que ninguém sinta falta dos seus serviços”, criticou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Wagner Nascimento.
“Sem bancos públicos o Brasil fica mais pobre e com menos capacidade de atuar em defesa das pessoas e das pequenas e médias empresas. Perde toda a sociedade. O Dia Nacional de Luta tem objetivo de conscientizar e mobilizar bancárias e bancários em defesa do país, em defesa do desenvolvimento através dos bancos públicos”, completou o coordenador da CEBB.
Fonte: Contraf/CUT