Ailton Krenak é primeiro indígena a ocupar cadeira na Academia Brasileira de Letras
Filósofo, professor, escritor, poeta, ambientalista e líder ativista das causas dos povos originários, Ailton Krenak é o primeiro indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) e ocupará a cadeira de número 5, que pertenceu a José Murilo de Carvalho, falecido em agosto deste ano, tornando-se um imortal. A escolha foi definida no dia 05 de outubro.
O indígena recebeu 23 votos, contra 12 de Mary Lucy Murray Del Priori e quatro de Daniel Muduruku. Krenak nasceu em Itabirinha, em Minas Gerais, na região do Vale do Rio Doce e nos anos 70 participou da criação da União das Nações Indígenas, primeiro movimento de expressão nacional, enfrentando toda a fúria da ditadura militar que estava em seu auge.
Teve papel decisivo na Assembleia Constituinte e protagonizou um dos momentos mais emocionantes ao subir à tribuna para defender o direito à terra e o respeito aos povos indígenas. É autor de livros como “O amanhã não está à venda” e “Ideias para adiar o fim do mundo” e parte de suas obras já foram traduzidas em 13 idiomas.”Krenak é um grande autor, com grande visão de mundo e ativista na defesa do meio-ambiente e dos povos indígenas, além disso sua eleição representa uma reparação histórica e é importante representatividade para todos os índios”, comentou o presidente do Sindicato, Wanderley Ramazzini.
Pelo Facebook, a ABL divulgou um comunicado sobre a eleição.
“É com alegria que anunciamos a chegada de Ailton Krenak à ABL. Ele foi eleito com 23 votos, dos 39 votos possíveis, na tarde desta quinta-feira, dia 5 de outubro. O novo Acadêmico ocupará a cadeira nº. 5, vaga desde o falecimento de José Murilo de Carvalho. Ailton Krenak é escritor de renome e figura central no movimento literário indígena do país. Sua voz é fundamental para o cenário atual, pois é elo entre a rica herança cultural e histórica dos povos originários e a literatura nacional. Esta eleição é um marco na ABL, que reafirma o seu compromisso em promover a diversidade e a inclusão na instituição e na literatura brasileira. Seja bem-vindo à Casa de Machado de Assis, Ailton Krenak!”.