Campanha Nacional dos Bancários 2024DESTAQUE

Em véspera de negociação, bancári@s realizam dia de luta por saúde

À medida que as negociações avançam, cresce também a pressão do movimento sindical por melhores condições de trabalho. Nesta quinta, 1º de agosto, bancári@s de todo o país se organizaram em um Dia Nacional de Lutas para exigir mais saúde na categoria, a ação acontece um dia antes da rodada de negociações entre Comando Nacional e Fenaban para debater temas relacionados à saúde.

 

A diretoria do Sindicato d@s Bancári@s de Guarulhos e Região foi até a cidade de Arujá, onde atualizou a categoria sobre as negociações e dialogou com os clientes sobre a importância de um ambiente salubre para o desempenho das atividades da categoria. 

 

“Os bancos impõem metas abusivas e os gestores que não sabem trabalhar com essas metas acabam praticando abusos de diversas formas: assédio sexual, assédio moral, e isso tem causado o terror na vida do bancário, que trabalha sob ameaças de desemprego, pressionado a bater metas impossíveis. São coisas que o trabalhador coloca a cabeça no travesseiro e não consegue dormir, não tem tranquilidade, é isso que precisamos combater”, explicou a secretária geral do Sindicato, Sara Cristina Lee Soares.



As ações ocorreram em resposta à Comissão de Negociações da Federação Nacional dos Bancos (CN Fenaban) que, na última mesa de negociação, no âmbito da campanha nacional de renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), relatou que não existem dados suficientes que comprovem que casos de adoecimento mental estão ligados à atividade de trabalho.



Afastamento na categoria é três vezes maior que média geral

 

O secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, ressaltou que a manifestação negacionista dos representantes da Fenaban na mesa é preocupante, considerando o resultado da Consulta Nacional dos Bancários que, neste ano, ouviu quase 47 mil trabalhadoras e trabalhadores, de todas as regiões do país.

 

Nessa mesma pesquisa, quando questionados sobre quais são os impactos da cobrança excessiva pelo cumprimento de metas à saúde, podendo escolher múltiplas respostas, os resultados foram:

 

– 67% – preocupação constante com o trabalho

– 60% – cansaço e fadiga constante

– 53% – desmotivação, vontade de não ir trabalhar

– 47% – crise de ansiedade/pânico

– 39% – dificuldade de dormir, mesmo aos finais de semana

 

Mauro Salles destacou ainda que os trabalhadores abordaram na mesa, com a Fenaban, levantamento do Dieese, com base em dados do INSS e da RAIS, e que mostra que o afastamento bancário relacionado à saúde mental, em 2022, foi três vezes maior que a média de afastamentos, considerando todas as categoriais.

 

“Diante dessas informações, que não são de hoje, mas semelhantes às registradas em anos anteriores, nossas reivindicações são a rediscussão da política de metas nos bancos, para que os prazos sejam razoáveis e respeitados. Também reforçamos o combate ao assédio moral e o direito à desconexão, fora do horário de trabalho. Por fim, reivindicamos que as bancárias e bancários adoecidos tenham tratamento humanizado e condições para se recuperarem e manterem seus empregos”, completou Juvandia Moreira.

 

A também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro, ressaltou que o movimento sindical levou à mesa provas suficientes de que “o adoecimento mental dos bancários é maior que em outras categorias” e que por isso, os trabalhadores querem avançar no combate ao assédio moral. Ela lembrou ainda que a pressão para bater metas “também é intensificada pela vigilância de resultados e pela insuficiência de pessoas para realizarem suas tarefas, gerando um ritmo de trabalho excessivo”.

 

Só em 2023, os cinco maiores bancos do país lucraram R$ 108,6 bilhões. Mas, apesar do montante, nesse mesmo ano fecharam mais de 600 agências e demitiram mais de 2 mil funcionários.

 

*Com dados da Contraf-CUT

 

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